Por que a Islândia está testando semanas de trabalho de 4 dias — e o que os resultados revelam sobre produtividade e saúde mental

Escrito em maio 15, 2025 | Autor: Portal Hype
Por que a Islândia está testando semanas de trabalho de 4 dias — e o que os resultados revelam sobre produtividade e saúde mental

Imagine trabalhar menos dias por semana sem redução salarial — e ainda assim entregar mais resultados.
Na Islândia, essa hipótese deixou de ser teoria e virou política pública. Entre 2015 e 2019, o país nórdico realizou um dos maiores experimentos do mundo com a chamada semana de quatro dias.

A ideia era simples: reduzir a carga de trabalho semanal sem prejudicar o rendimento, observando os impactos na produtividade, saúde mental e qualidade de vida. Os resultados chamaram atenção de governos, empresas e pesquisadores em diversos países — e colocaram a Islândia na vanguarda da discussão sobre o futuro do trabalho.


O que motivou o experimento?

A Islândia já era conhecida por políticas públicas avançadas em áreas como bem-estar social, igualdade de gênero e sustentabilidade.
Mas, assim como outros países desenvolvidos, enfrentava desafios crescentes relacionados a:

  • Estresse ocupacional e burnout

  • Desequilíbrio entre vida profissional e pessoal

  • Baixos índices de engajamento em algumas áreas do setor público

  • Aumento de custos com saúde mental e afastamentos laborais

Diante disso, o governo islandês, em parceria com o sindicato BSRB e instituições acadêmicas, decidiu testar um novo modelo de jornada.


Como funcionou a semana de 4 dias?

Entre 2015 e 2019, mais de 2.500 trabalhadores (equivalente a 1% da população ativa da Islândia) participaram do programa. Eles foram distribuídos em diversos setores:

  • Serviços públicos e municipais

  • Escolas, hospitais e escritórios administrativos

  • Empresas ligadas a serviços e atendimento ao cidadão

Os participantes passaram de jornadas de 40 horas para 35 ou 36 horas semanais, sem corte de salário. A organização do trabalho foi ajustada para:

  • Reduzir reuniões desnecessárias

  • Melhorar a gestão de tempo

  • Incentivar foco e autonomia nas tarefas


O que os resultados revelaram?

Os dados coletados ao longo do experimento foram consistentes e surpreendentes:

  • A produtividade se manteve ou aumentou em quase todos os setores
  • Redução significativa no nível de estresse e esgotamento mental
  • Melhora na qualidade do sono e na disposição física
  • Aumento da sensação de equilíbrio entre vida pessoal e profissional
  • Participantes relataram mais tempo com a família, lazer e autocuidado

Além disso, gestores notaram maior engajamento nas equipes, menos faltas e clima organizacional mais positivo.


O que aconteceu depois?

Com o sucesso dos testes, 86% da força de trabalho da Islândia passou a ter acesso à semana de 4 dias ou a modelos com maior flexibilidade de horário.

Isso não significa que o país adotou uma nova lei trabalhista universal — mas que setores e empresas passaram a ter liberdade para implementar modelos mais sustentáveis, com base nos dados do experimento.

O caso islandês virou referência para países como Espanha, Bélgica, Nova Zelândia, Reino Unido e Japão, que também iniciaram testes semelhantes.


Um movimento global em crescimento

Empresas privadas em todo o mundo têm adotado a semana de 4 dias como diferencial competitivo e estratégia de retenção de talentos.

Entre os principais argumentos estão:

  • Redução de burnout e turnover

  • Aumento da produtividade real (não apenas da presença)

  • Fortalecimento da marca empregadora

  • Contribuição para uma cultura organizacional mais saudável

Além disso, com o avanço do trabalho remoto e híbrido, modelos flexíveis deixaram de ser exceção e passaram a fazer parte do debate sobre o futuro das relações de trabalho.


Conclusão

O experimento da Islândia mostra que trabalhar menos não significa produzir menos — e que repensar a lógica tradicional de jornada pode beneficiar não só os trabalhadores, mas também as organizações e a sociedade como um todo.

Ao priorizar o bem-estar sem abrir mão da eficiência, o país nórdico sinaliza um futuro possível: mais sustentável, mais humano e, paradoxalmente, mais produtivo.

No Portal Hype, acompanhamos de perto essas transformações que estão redesenhando o mundo do trabalho — sempre com foco em inovação, saúde e qualidade de vida real.