Por que os coreanos usam tanto máscaras faciais descartáveis — e o que o Ocidente ainda não entendeu sobre esse hábito

Enquanto o uso de máscaras descartáveis ainda é visto com estranheza em muitos países do Ocidente, na Coreia do Sul esse item já faz parte da rotina há mais de uma década — muito antes da pandemia. Para os coreanos, usar máscara não é apenas uma medida de proteção: é uma expressão cultural que une higiene, respeito coletivo, autocuidado e até estilo pessoal.
Essa prática, que pode parecer exagerada para alguns, revela muito sobre como os asiáticos encaram o convívio social e o cuidado com a saúde — tanto física quanto estética.
Muito além da pandemia: um hábito antigo na Ásia
O uso de máscaras faciais na Coreia começou a se popularizar entre 2003 e 2015, especialmente após surtos de doenças respiratórias como o SARS e o MERS. Mas mesmo depois que esses surtos passaram, o hábito permaneceu como parte do cotidiano urbano — especialmente nas grandes cidades como Seul e Busan.
Além disso, fatores como poluição do ar, pólen, e o próprio ritmo de vida intenso colaboraram para que as máscaras fossem vistas como um recurso prático e protetor, não apenas contra vírus.
Um símbolo de respeito e etiqueta social
Na cultura coreana, existe uma forte valorização do bem coletivo. Tossir ou espirrar em público sem máscara, por exemplo, pode ser visto como desrespeito. O uso da máscara, portanto, representa:
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Preocupação com o outro
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Prevenção silenciosa (mesmo com sintomas leves)
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Um ato discreto de cuidado coletivo
Esse pensamento contrasta bastante com a visão ocidental, onde o uso prolongado de máscara muitas vezes foi associado a restrição, desconforto ou imposição.
Estética e skincare também fazem parte da equação
Outro motivo pouco discutido para o uso constante de máscaras é a preocupação estética. Muitos coreanos usam a máscara como:
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Barreira contra poluição e raios UV
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Recurso para evitar que a maquiagem derreta no verão
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Forma de cobrir imperfeições temporárias (como espinhas ou manchas)
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Proteção contra a contaminação de produtos aplicados no rosto (cremes, ácidos, etc.)
Em um país onde o skincare é tratado com quase tanta seriedade quanto a alimentação, a máscara se torna uma extensão dos cuidados com a pele.
Um item de moda e identidade
Na Coreia, usar máscara não precisa ser sem graça. Existem marcas que investem em design, cor, textura e até edições limitadas. Celebridades, idols do K-pop e influenciadores são frequentemente vistos com máscaras estilizadas, que combinam com o look do dia.
O resultado? O acessório passou a ser incorporado como parte da identidade visual — principalmente entre o público jovem e urbano.
O choque cultural: por que o Ocidente ainda estranha?
Enquanto em muitos países o uso de máscara é reservado apenas para contextos médicos ou emergenciais, na Coreia ele está integrado à vida cotidiana. Essa diferença de percepção mostra como cultura, estética e saúde podem se entrelaçar de formas muito distintas ao redor do mundo.
No Ocidente, há ainda um estigma de que “quem usa máscara está doente”, o que não se aplica na realidade asiática — onde o uso, muitas vezes, é puramente preventivo.
Conclusão: o que podemos aprender com esse comportamento
O uso contínuo de máscaras na Coreia é mais do que um costume de saúde pública — é um reflexo de uma cultura que valoriza o coletivo, o autocuidado e a imagem pessoal como parte do respeito social.
Enquanto no Ocidente esse hábito ainda é encarado como exceção, na Coreia ele já é rotina — e pode nos inspirar a repensar nossa relação com a prevenção, a empatia e até com a estética cotidiana.
No Portal Hype, seguimos observando como hábitos simples podem carregar significados profundos — e em breve vamos explorar outro fenômeno cultural asiático: as cabines silenciosas de descompressão nos metrôs e cafés de Tóquio.